
Lula exorta nacionalismo em rede nacional, ameaça taxar big techs e condena ‘chantagem tarifária’ dos EUA
Por Redação São Paulo TV – Jornalismo Político
Pronunciamento de Lula Rede Youtube do Governo Federal 🔴 PRESIDENTE LULA FAZ PRONUNCIAMENTO OFICIAL – YouTube
Em pronunciamento em cadeia nacional, presidente ataca medidas de Donald Trump, defende o Pix e promete endurecer contra gigantes digitais: “Ninguém está acima da lei”
Brasília — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom em um pronunciamento transmitido em cadeia nacional de rádio e TV na noite de quinta-feira (17), em que classificou como “chantagem inaceitável” a nova ofensiva tarifária dos Estados Unidos contra o Brasil. Sem citar diretamente a família Bolsonaro, Lula acusou políticos brasileiros de estarem alinhados com interesses estrangeiros e os chamou de “traidores da Pátria”. Em meio à crescente tensão comercial entre Brasil e EUA, o presidente também anunciou que o país irá tributar as big techs americanas e prometeu defender a soberania digital brasileira, com destaque para a proteção ao Pix — sistema que chamou de “patrimônio do povo brasileiro”.
Ataque frontal à guerra tarifária e crítica à “submissão política”
Em uma fala que misturou retórica nacionalista e afirmações de soberania econômica e digital, Lula repudiou a decisão do governo Trump de investigar práticas comerciais brasileiras e impor tarifas de retaliação a produtos e serviços nacionais. “O que veio foi uma chantagem inaceitável em forma de ameaças às instituições brasileiras”, declarou, ao destacar que o Brasil participou de mais de dez reuniões com representantes dos EUA buscando um entendimento técnico.
Lula também reagiu com veemência ao fato de a ofensiva norte-americana incluir o Pix na mira das investigações. “O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo e vamos protegê-lo”, disse.
Big techs na mira: “Vamos cobrar impostos das empresas digitais”
Em declarações paralelas à imprensa internacional e durante discurso no 60º Congresso da UNE, em Goiânia, Lula voltou a criticar o poder das big techs e afirmou que o Brasil irá cobrar impostos das plataformas digitais norte-americanas. O presidente não detalhou o formato da nova taxação, mas deu o tom da mudança: “Ninguém está acima da lei. A defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras em nosso território”.
As declarações coincidem com as queixas de Donald Trump — agora novamente presidente dos Estados Unidos — sobre suposta censura da Justiça brasileira às redes sociais. Em justificativa ao aumento tarifário, o governo americano citou “restrições antidemocráticas” e “ameaças à liberdade de expressão”.
Críticas internas: “Traidores da Pátria”
Em um trecho incisivo de seu discurso, Lula direcionou críticas duras a parlamentares brasileiros que apoiaram a ofensiva comercial dos EUA. “A indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da Pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do País e os danos causados ao nosso povo”, afirmou.
Apesar da contundência do pronunciamento, o governo aposta em uma solução negociada. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou que ainda há espaço para um entendimento técnico que reverta o tarifaço americano. “Estamos abertos ao diálogo, mas com dignidade e respeito”, resumiu.
Nacionalismo em tom de campanha
O pronunciamento, produzido com estética publicitária e forte apelo emocional — sob coordenação do ministro Sidônio Palmeira (Secom) —, reforça um discurso de soberania e proteção dos interesses nacionais. “Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações”, afirmou Lula ao encerrar sua fala.
Em entrevista exclusiva à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, Lula reforçou sua posição ao responder às pressões de Donald Trump: “Ele foi eleito para governar os Estados Unidos, e não para ser o imperador do mundo”.
Reação americana
A Casa Branca reagiu com frieza. Karoline Leavitt, porta-voz da presidência norte-americana, rebateu: “O presidente Trump não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre”.
Impacto e próximos passos
A crise tarifária impõe uma nova tensão ao já complexo cenário das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. O setor agroexportador, as empresas de tecnologia e os serviços digitais estão entre os mais vulneráveis à escalada da disputa.
A promessa de tributar as big techs, a retórica contra a “submissão política” e a defesa intransigente do Pix sinalizam uma guinada do Planalto rumo à agenda de soberania econômica e digital — ao mesmo tempo em que reacendem debates sobre protecionismo, censura, globalização e liberdade de expressão.
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Lula critica ‘chantagem inaceitável’ de Trump e alfineta ‘traidores da pátria’ em pronunciamento na TV