
A Carta do Rio de Janeiro também traz um trecho que faz citação direta aos direitos humanos e à democracia.
Da Redação da Sâo Paulo Tv Correspondente no Rio de Janeiro
“Necessidade de promover, proteger e cumprir os direitos humanos de forma não seletiva, não politizada e construtiva, sem padrões duplos, por meio do diálogo e da cooperação construtivos. Apelamos ao respeito à democracia e aos direitos humanos. Nesse sentido, destacamos que eles devem ser implementados tanto no nível da governança global quanto no nível nacional”, afirma o documento diplomático.
Na Carta, os líderes apontam entre os elementos a serem combatidos, o racismo, a xenofobia, que é a aversão a estrangeiros, e a intolerância religiosa.
“Reiteramos a necessidade de intensificar a luta contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e intolerâncias correlatas, bem como contra a discriminação com base na religião, fé ou crença, e todas as suas formas contemporâneas ao redor do mundo”.
Os líderes advertiram ainda sobre “tendências alarmantes de discurso de ódio, desinformação e informação enganosa crescente”.
Ano de reparação para africanos
Os representantes do Brics também saudaram uma decisão da União Africana, um organismo composto pelos 55 países do continente, que estabeleceu 2025 como o ano da reparação aos africanos e afrodescendentes.
“Reconhecemos os esforços da União Africana para combater o legado destrutivo do colonialismo e do tráfico de escravizados”, afirma o texto.
Em vários trechos, o documento defende a importância do empoderamento das mulheres e de garantir a participação delas, plena, igualitária e significativa em todas as esferas da sociedade.
O documento cita ainda as discussões realizadas durante a presidência brasileira relacionadas aos impactos da misoginia e da desinformação online sobre as mulheres.
Cultura e IA
O Brics ainda encoraja os integrantes do bloco a formularem programas para apoiar e fomentar as economias culturais e criativas dos países, “reconhecendo o crescente peso econômico e a contribuição dos setores culturais e criativos para a economia em geral”.
Em referência ao passado colonial, o capítulo ainda ressalta a “importância do retorno de bens e patrimônios culturais aos seus países de origem”. O Brics defende que as relações internacionais sejam em bases não hierárquicas.
Os efeitos dos avanços tecnológicos também foram motivos de preocupação e alerta.
Os países reconhecem que a Inteligência Artificial (IA) “está transformando as relações de trabalho, criando oportunidades de emprego, “mas também apresentando desafios, como o deslocamento de empregos e o aumento da desigualdade”.
Dessa forma, o Brics se compromete com políticas inclusivas que utilizem a tecnologia de forma responsável para garantir a IA para o bem e para todos, “levando em consideração as políticas nacionais, as regulamentações e os acordos internacionais aplicáveis”.
Compromisso com o meio ambiente
A quatro meses da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, que será realizada em novembro, em Belém (PA), o Brics reafirmou compromisso com o aumento do financiamento e com o fortalecimento da governança, da solidariedade e da resiliência na redução do risco de desastres, “incluindo aqueles relacionados à mudança do clima, especialmente para o Sul Global”.
Brics
O Brics é formado por 11 países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.
Essas nações representam 39% da economia mundial e 48,5% da população do planeta.
Os países que têm status de parceiros são Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã. Os parceiros não têm poder de voto.
Os países-membros se alternam ano a ano na presidência. Em 2026, a presidência do bloco será ocupada pela Índia.
A reunião de líderes acontece no Museu de Arte Moderna do Rio, uma vez que o Brasil ocupa atualmente a presidência rotativa anual do grupo.