
Museu de Arte Contemporânea da USP: um tesouro da modernidade e da inovação cultural
Do Núcleo de Redação da Sâo Paulo Tv – Com informações do jornalista Sérgio Miranda
Em meio à agitação e aos contrastes da maior cidade da América Latina, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) se impõe como um dos grandes templos da arte moderna e contemporânea no hemisfério sul. Mais do que um museu, o MAC é um testemunho vivo do poder da cultura como instrumento de transformação social, preservação da memória e fomento ao pensamento crítico.
Fundado em 1963, o museu nasceu de um dos gestos mais emblemáticos da história da arte brasileira: a doação do acervo do antigo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) à Universidade de São Paulo, ato liderado pelos mecenas Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo. À coleção inicial — formada por obras adquiridas ou doadas ao longo da existência do MAM e pelos prêmios das Bienais de São Paulo até 1961 — somaram-se novos conjuntos que fariam do MAC uma referência mundial em arte do século XX e XXI.
Museu de Arte Contemporânea da USP: um tesouro da modernidade e da inovação cultural do acervo, com mais de 10 mil obras, é um recorte privilegiado das vanguardas e das rupturas artísticas que marcaram o mundo no último século. Lá estão nomes como Amedeo Modigliani, Pablo Picasso, Joan Miró, Alexander Calder, Wassily Kandinsky, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti, Alfredo Volpi e Lygia Clark, além de uma notável coleção de arte italiana do início do século XX. Cada obra carrega não apenas um valor estético, mas também o testemunho de um tempo: das utopias das primeiras décadas do modernismo às inquietações e experimentações da contemporaneidade.

A sede do MAC USP no Parque Ibirapuera, projetada por Oscar Niemeyer nos anos 1950, é por si só um símbolo. O edifício, com suas linhas curvas e amplos espaços abertos, reflete o ideal de um Brasil moderno, democrático e aberto ao mundo — um ideal que, décadas depois, o museu se esforça para manter vivo em meio às contradições do presente.
Mais do que um guardião de obras-primas, o MAC USP cumpre com rigor a missão universitária de promover a pesquisa, a educação e a democratização do acesso à arte. Sua biblioteca especializada e o vasto arquivo documental se tornaram fontes fundamentais para pesquisadores do Brasil e do exterior. O museu, ao longo dos anos, tem se mostrado um espaço vivo de debate e construção do conhecimento, acolhendo exposições, seminários, cursos e encontros interdisciplinares que conectam a arte ao pensamento crítico e à realidade social.

À frente da instituição desde 2024, o Professor José Tavares Correia de Lira, titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, imprime ao museu uma visão que une o rigor acadêmico à abertura ao diálogo internacional. Com passagem pela Universidade de Princeton, onde lecionou e pesquisou no âmbito dos estudos latino-americanos, Lira reforça o compromisso do MAC com a circulação de ideias e a conexão entre culturas.
Em um tempo marcado por crises e por disputas em torno do sentido da cultura e da história, o MAC USP reafirma sua função essencial: ser um espaço onde a arte nos provoca, nos inspira e nos ensina a imaginar futuros possíveis. Um tesouro da modernidade, mas também da resistência e da esperança.