Conflito direto entre potências regionais acende alerta global sobre segurança, petróleo e equilíbrio geopolítico no Oriente Médio
📍 Redação São Paulo TV | 📅 14 de junho de 2025 | ✍️ Edição: Núcleo Internacional fotos Mísseis lançados do Irã são interceptados vistos de Tel Aviv, Israel, em 13 de junho. REUTERS/Jamal Awad
Jerusalém/Teerã – O conflito entre Israel e Irã atingiu neste sábado (14) um novo patamar de gravidade. Em resposta aos ataques iniciados pelo Irã na véspera, o Exército israelense realizou bombardeios coordenados contra alvos estratégicos da infraestrutura energética iraniana. Drones atingiram refinarias e instalações de gás na província de Bushehr, provocando incêndios de grandes proporções e suspensões imediatas nas operações do maior campo de gás do país, South Pars — responsável por alimentar boa parte da demanda interna e exportações da República Islâmica.
Poucas horas depois, o Irã retaliou com uma nova onda de mísseis balísticos disparados em direção ao território israelense, atingindo áreas residenciais em Jerusalém, Haifa e arredores. O cenário é de escalada militar aberta entre os dois países, com mortos civis de ambos os lados, sistemas antimísseis operando no limite e líderes trocando ameaças públicas.
Infraestrutura atingida: o coração energético do Irã sob fogo
O Ministério do Petróleo do Irã confirmou que os ataques israelenses afetaram instalações críticas em Kangan e também a Companhia de Refinamento de Gás Fajr Jam. Vídeos transmitidos pela televisão estatal IRIB mostram labaredas sobre as chaminés de South Pars, no porto de Asalouyeh, às margens do Golfo Pérsico. A planta é a maior reserva de gás natural do planeta e um eixo vital da economia iraniana.
Em entrevista à imprensa local, Hamid Hosseini, representante do Comitê de Energia da Câmara de Comércio iraniana, confirmou que também foi atacado um prédio do Ministério do Petróleo em Teerã, responsável pelo planejamento de expansão dos campos energéticos do país.
A crise se agrava em meio à já existente escassez energética interna — agravada por sanções e falhas na modernização de infraestrutura. O governo de Teerã determinou trabalho remoto para todos os funcionários públicos da capital até quarta-feira, enquanto militares, hospitais e bancos continuam em regime de prontidão.
A resposta de Teerã: céus de Israel em chamas
Na noite de sábado, explosões tomaram os céus de Jerusalém, Ramallah e Haifa. Os mísseis lançados pelo Irã foram interceptados em parte pelos sistemas israelenses “Iron Dome” e “David’s Sling”, mas ao menos dois impactos diretos foram confirmados no norte de Israel, com a morte de duas mulheres e ferimentos em 14 civis.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, endureceu o tom e afirmou:
“Se Khamenei continuar a disparar contra nossa população civil, Teerã será a próxima a arder em chamas.”
Civis em Tel-Aviv, Haifa e Jerusalém passaram a noite em abrigos antibombas, enquanto as forças armadas israelenses seguem em alerta máximo.
Mercado internacional: barril em disparada e risco no Estreito de Ormuz
A dimensão econômica do conflito ultrapassou fronteiras. O ataque às instalações iranianas fez o preço do barril de petróleo tipo Brent ultrapassar a marca dos US$ 90, com previsões de que o valor possa romper os US$ 120, caso o Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% do petróleo global — seja militarizado.
Relatórios do Rabobank e do banco holandês ING alertam que o prolongamento do confronto e o risco de impacto na produção de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar poderão provocar disfunções severas nos mercados globais de energia, além de pressionar o dólar internacionalmente.
“É uma guerra que não apenas incendeia refinarias, mas incendeia os fundamentos do comércio mundial de energia”, alertou Peter Cardillo, analista da Spartan Capital.
Reação global: condenações e silêncio tático
Enquanto a China condenou oficialmente os ataques israelenses e pediu moderação, os Estados Unidos mantêm silêncio estratégico, embora fontes do Pentágono tenham confirmado à CNN a movimentação de tropas e navios para o Golfo Pérsico. A União Europeia convocou reunião extraordinária de chanceleres para este domingo, e a ONU, mais uma vez, fracassou em aprovar uma resolução conjunta no Conselho de Segurança.
A guerra invisível: energia como alvo e arma
Especialistas ouvidos por nossa equipe apontam que a mudança de alvo — da retaliação militar direta para a destruição da infraestrutura energética — inaugura um novo capítulo de guerra híbrida, em que o colapso do sistema de fornecimento é mais impactante que perdas em campo de batalha.
“Estamos diante de um teatro de guerra que joga contra o tempo, a economia e a estabilidade global”, avaliou Abdollah Babakhani, analista baseado em Berlim.
O Irã, com a quarta maior reserva de petróleo bruto do planeta, vê seu sistema já fragilizado ser empurrado para o colapso técnico. Segundo o próprio governo iraniano, o país já havia iniciado cortes programados de energia para residências, comércios e indústrias desde maio.
Conclusão: uma guerra que redefine o tabuleiro do século 21
A confrontação direta entre Irã e Israel marca o fim de um ciclo de ameaças veladas no Oriente Médio e inaugura uma era de confrontos abertos entre estados armados, com potencial nuclear e com alianças voláteis. O impacto sobre civis já é trágico. O impacto global, imprevisível.
A São Paulo TV segue monitorando os desdobramentos com sua equipe internacional e parceiros em Jerusalém, Teerã e nas principais redações do mundo.
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