
PAPA LEÃO XIV DEFENDE COLEGIALIDADE E ALERTA SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EM SEU PRIMEIRO ENCONTRO FORMAL COM CARDEAIS
Da Reportagem da São Paulo Tv Vaticano
Pontífice também visitou o túmulo de seu antecessor, Papa Francisco, reforçando o compromisso com os pobres e os desafios éticos da tecnologia
Cidade do Vaticano – Neste sábado (10), o Papa Leão XIV realizou seu primeiro encontro formal com os cardeais da Igreja Católica, apenas dois dias após sua eleição como novo pontífice. Em um discurso sereno, mas carregado de simbolismo e responsabilidade, Leão XIV evocou a necessidade de uma Igreja mais “colegial, pastoral e sensível aos dilemas éticos do nosso tempo” — incluindo os que surgem com a crescente influência da inteligência artificial.
O encontro ocorreu na Sala Clementina, no Palácio Apostólico, e reuniu os cardeais que participaram do conclave que o elegeu. Ao final da reunião, marcada por orações, trocas fraternas e uma breve exposição de metas iniciais do novo papado, Leão XIV fez questão de destacar “os caminhos abertos por Francisco” e ressaltou: “Se o nosso antecessor fez da paz o seu sacramento, agora devemos fazer da sabedoria e da responsabilidade coletiva o nosso altar”.
Entre os temas abordados, o Papa destacou a inteligência artificial como um dos maiores desafios contemporâneos. “A inteligência artificial nos obriga a redescobrir o que significa ser humano, o que significa escolher, o que significa cuidar”, disse. Segundo fontes internas do Vaticano, o pontífice demonstrou interesse em convocar uma comissão de teólogos, cientistas e líderes sociais para refletir sobre as implicações morais da IA em áreas como o trabalho, a educação, a privacidade e a guerra.
O cardeal Désiré Tsarahazana, de Madagascar, afirmou à rádio RAI que o novo papa teve mais de 100 votos no conclave. “Ele é um excelente papa e teve muito mais de 100 votos”, destacou, acrescentando que “a reunião desta manhã correu muito bem, também falámos sobre a necessidade de tornar a Igreja mais colegial”.
Peregrinação silenciosa

Após o encontro, Leão XIV dirigiu-se à cripta da Basílica de São Pedro para um momento solene: a visita ao túmulo do Papa Francisco. Acompanhado de poucos membros da Cúria e em silêncio absoluto, o novo pontífice ajoelhou-se diante da lápide simples de Francisco, depositando um ramo de oliveira — símbolo de paz e continuidade.
O gesto foi interpretado por vaticanistas como um sinal claro de que Leão XIV pretende não apenas honrar o legado de seu antecessor, mas também prosseguir com uma Igreja voltada aos pobres, aberta ao diálogo e sensível aos dilemas da humanidade moderna.
A visita foi encerrada com uma breve oração em espanhol — língua materna do Papa Francisco — e uma bênção a todos os “que não têm voz nas decisões do mundo”.
Um papado atento aos sinais do tempo
Em seus primeiros dias à frente da Igreja, Leão XIV demonstra disposição em ouvir, em acolher e em dialogar com o futuro. A citação à inteligência artificial em seu primeiro pronunciamento público marca um novo capítulo na doutrina social da Igreja, que agora volta seus olhos a temas como a ética algorítmica e a dignidade humana na era digital.
Se o pontificado de Francisco será lembrado pela ternura com os excluídos, o de Leão XIV parece querer inaugurar um tempo de escuta ativa, discernimento coletivo e responsabilidade global diante das novas tecnologias e das antigas injustiças.
