
Papa Leão XIV é eleito: o primeiro pontífice norte-americano traz continuidade ao legado de Francisco com foco em inclusão e justiça social
Por Walter Westphal — Redação São Paulo TV Broadcasting Especial Vaticano
Na quarta votação do Conclave, os cardeais chegaram a um consenso sobre o nome do 267º sucessor de São Pedro. Eram 18 horas e 7 minutos, horário do Vaticano, quando a tão esperada fumaça branca começou a sair da chaminé da Capela Sistina, sinalizando para o mundo que “Habemus Papam”. A Praça São Pedro e a Via della Conciliazione, tomadas por peregrinos e jornalistas, explodiram em júbilo com o anúncio histórico.
Logo depois, os sinos da Basílica de São Pedro confirmaram o momento solene. O cardeal Dominique Mamberti apareceu na sacada da Basílica para proclamar ao mundo a escolha do novo papa: Robert Francis Prevost, que adotará o nome de Leão XIV, o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos — e símbolo de uma continuidade fiel ao pontificado reformador de Francisco.
Um Conclave com marca histórica
O Conclave reuniu 133 cardeais com menos de 80 anos, aptos a votar segundo as normas da Igreja. Foi a eleição com maior diversidade geográfica e cultural dos últimos tempos, refletindo o esforço do Papa Francisco em internacionalizar a liderança da Igreja. O próprio Prevost havia sido nomeado por Francisco para cargos de destaque na Cúria Romana, incluindo o poderoso Dicastério para os Bispos.
Um Conclave é uma assembleia de cardeais reunida para eleger o bispo de Roma, líder espiritual da Igreja Católica e chefe de Estado da Cidade do Vaticano. É uma tradição milenar que, mesmo em tempos de modernidade, preserva ritos praticamente inalterados há mais de 800 anos.
Quem é Leão XIV
Robert Francis Prevost nasceu em 14 de setembro de 1955, em Chicago. Ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977. Formado em Matemática e Filosofia pela Universidade de Villanova, completou o mestrado em Missão Intercultural e o doutorado em Direito Canônico em Roma, na Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino.
Sua missão pastoral se firmou no Peru, onde atuou como missionário, formador e vigário judicial. Foi nomeado bispo de Chiclayo em 2015 e, a partir de 2023, assumiu a chefia do Dicastério para os Bispos — tornando-se um dos mais influentes nomes da hierarquia católica mundial. No consistório de 2023, foi criado cardeal por Francisco, que via nele um sucessor natural para o seu legado.
Um Papa de continuidade
Escolhendo o nome Leão XIV, Prevost faz um tributo ao histórico Leão XIII, papa da encíclica Rerum Novarum, que inaugurou a doutrina social da Igreja. Leão XIV se apresenta, portanto, como um papa da continuidade franciscana, com forte perfil missionário, latino-americano de coração e defensor dos pobres, dos imigrantes e da paz mundial.
Durante seu ministério no Peru, mostrou-se próximo dos movimentos sociais e dos povos originários. Seu foco, segundo analistas, será o de fortalecer a presença da Igreja em regiões periféricas e zonas de conflito, mantendo a ênfase em uma “Igreja em saída”, como pregava Francisco.
O simbolismo do novo papado
Com sua eleição, os Estados Unidos veem um de seus filhos ocupar o trono de Pedro pela primeira vez — algo impensável até recentemente. Francisco havia plantado essa possibilidade ao nomear cardeais em dioceses norte-americanas antes pouco consideradas, como Washington, D.C. Leão XIV representa o fruto dessa renovação.
O professor Wander Pugliese, estudioso autodidata de história e geografia, colunista do portal Vox SC e colaborador de diversos museus pelo Brasil, comentou com a São Paulo TV Broadcasting:
“Esta eleição é histórica. Um papa norte-americano com alma latina mostra a capacidade de renovação da Igreja sem abandonar suas raízes. O conclave respeita ritos seculares, mas hoje é também um ato de profunda comunicação com o mundo real e seus desafios.”
Perspectivas
Leão XIV chega ao pontificado em um momento de tensões geopolíticas, crises migratórias e divisões internas no mundo católico. Seu perfil conciliador e pastoral deve pavimentar um caminho para que a Igreja avance na inclusão, na defesa dos direitos humanos, no combate à pobreza e na mediação da paz em regiões conflituosas.
Em Roma, os sinos ainda tocam, os fiéis seguem reunidos em vigília e o mundo observa, com esperança, o início de uma nova era.