
PSDB: a refundação de um gigante da política brasileira
Redação São Paulo TV | Política
O anúncio da Executiva Nacional do PSDB, que autorizou oficialmente a abertura das negociações para a fusão com o Podemos, é mais que um movimento partidário. Representa um capítulo decisivo na história de um dos partidos mais influentes e transformadores do Brasil nas últimas três décadas.
Fundado em 1988 sob a liderança de intelectuais, economistas e políticos comprometidos com a democracia e o desenvolvimento social, o PSDB se consolidou como uma força central na reconstrução do Brasil pós-ditadura. Foi o partido do Plano Real, da estabilidade econômica, da responsabilidade fiscal e da modernização do Estado brasileiro. Um partido que, sob a liderança do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, deu ao país estabilidade e previsibilidade, depois de anos de inflação descontrolada e crises institucionais.
Mas o PSDB é mais do que um nome nas urnas. É uma tradição política. Deu origem a gestores exemplares como Mário Covas, cuja ética e firmeza marcaram uma geração, e a Geraldo Alckmin, que governou São Paulo por mais de uma década com equilíbrio, resultados e profundo respeito à coisa pública. Lideranças como José Serra, Tasso Jereissati, Aécio Neves e Bruno Covas também deixaram marcas importantes nos campos da saúde, educação e infraestrutura.
Contudo, como todo partido longevo, o PSDB enfrentou desafios. Divergências internas, desgaste eleitoral e a saída de figuras históricas enfraqueceram sua identidade aos olhos do eleitorado. A ausência de nomes simbólicos como Geraldo Alckmin, somada ao afastamento de herdeiros legítimos na diretoria nacional tucana, como Mário Covas Neto, deixou uma lacuna no imaginário coletivo sobre aquilo que o PSDB um dia representou: o verdadeiro partido da social-democracia brasileira.
A tentativa de fusão com o Podemos, portanto, não é um fim, mas uma chance de recomeço. Um novo ciclo. Uma reorganização de forças que busca resgatar o centro político racional, comprometido com as reformas estruturais e com o diálogo institucional — marca registrada do PSDB em sua origem.
Segundo a proposta apresentada, o novo partido — que poderá adotar nomes como “Centro Democrático” ou mesmo uma junção PSDB+Podemos — terá rodízio na presidência nos primeiros anos, equilíbrio na composição de suas executivas e uma proposta nacional para 2026. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é o nome preferido para liderar essa nova etapa. Jovem, preparado e com experiência em gestão, ele simboliza a tentativa de reconectar o PSDB com sua vocação original: ser uma alternativa à polarização, com serenidade, técnica e visão de país.
É importante frisar que, apesar de tecnicamente se tratar de uma possível incorporação do Podemos ao PSDB, politicamente o que se desenha é a refundação do partido. Uma legenda com a história, a estrutura e o DNA do PSDB, mas aberta ao diálogo com novas forças e disposta a se reposicionar no centro do tabuleiro político nacional.
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