
A Importância da Oftalmologia no SUS: saúde ocular como investimento social
Dr. Gabriel Castro Oftalmologista
Artigo
A saúde ocular é um dos pilares fundamentais para a qualidade de vida, produtividade e inclusão social. No entanto, no Brasil, milhões de pessoas ainda convivem com limitações visuais causadas por doenças tratáveis, como catarata e presbiopia, impactando não apenas sua autonomia, mas também a economia do país.
O papel estratégico da Oftalmologia no SUS
A Oftalmologia é uma das especialidades mais demandadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Isso não é por acaso: estima-se que cerca de 35 milhões de brasileiros apresentem algum grau de deficiência visual. A oferta de consultas, exames e cirurgias oftalmológicas pelo SUS é, portanto, essencial para garantir acesso universal à saúde e prevenir agravos evitáveis.
Doenças como catarata senil, que pode ser corrigida com um procedimento rápido e seguro, ainda figuram entre as principais causas de cegueira tratável no país. A presbiopia — perda progressiva da visão para perto que afeta todos os indivíduos a partir dos 40 anos —, embora comum, é muitas vezes negligenciada, afetando a produtividade da população economicamente ativa, especialmente em ambientes que exigem leitura, telas e precisão visual.
O impacto econômico da baixa visão
Estudos internacionais e nacionais mostram que a perda visual não tratada tem repercussões econômicas diretas e indiretas. Entre os principais impactos estão:
- Queda na produtividade laboral e afastamentos por incapacidade funcional;
- Aumento da dependência social, exigindo cuidadores ou suporte familiar;
- Maior risco de acidentes e quedas, com internações e custos hospitalares adicionais;
- Desemprego precoce e exclusão digital.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a cegueira evitável gera um custo global superior a US$ 400 bilhões por ano. No Brasil, embora ainda subdimensionado, o custo da baixa visão afeta a economia pública, o setor previdenciário e o desenvolvimento humano.
Investir em oftalmologia é reduzir desigualdades
Iniciativas para aumentar as cirurgias de catarata, expansão dos ambulatórios especializados e parcerias público-privadas para incorporação de novas tecnologias têm mostrado grande custo-efetividade. Cada real investido em prevenção e tratamento de doenças oculares gera múltiplos retornos: menos filas, mais autonomia, mais produtividade e menos dependência do sistema de assistência social.
A ampliação do acesso à oftalmologia no SUS deve ser vista como uma estratégia de saúde pública e desenvolvimento nacional. Garantir visão é garantir dignidade, inclusão e crescimento econômico. Mais do que enxergar, trata-se de permitir que milhões de brasileiros possam ver e viver com plenitude.
Por Dr. Gabriel Castro – Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia; Graduação em Matemática pela Universidade de Uberaba; Residência Médica em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo; Especialização em Catarata pela Universidade de São Paulo; Especialização em Plástica Ocular pela Universidade de São Paulo; Assistente Cirúrgico do setor de Catarata da Unifesp; Internship em Catarata e Fixação de Lente Intraocular pela Yokohama City University (Japão).